quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

São Bernardo


Edmundo Soares. Nº 07
Izabela Gomes. Nº 13
Ensino Médio: 2º série: B


2º Parte do Trabalho - Graciliano Ramos

1º Personagem

1.1- Nomeie as personagens mais importantes:

a - Protagonistas
R: Paulo Honório, Luís Padilha, Madalena, D. Glória,Ribeiro, padre Silvestre
b -Antagonistas
R: Paulo Honório era seu próprio inimigo.
c - Demais Personagens:
R: Tubarão, Dr. Magalhães, Marciano, Rosa, Maria das Dores, Marciano, mãe Margarida,Mendonça, Casimiro Lopes, João Nogueira, Azevedo Gondim
1.2 - Classifique as personagens da obra em questão.
1.3 -As personagens são descritas fisicamente? Como isso ocorre?
R: Sim, porém de foram rápida, sem muitos detalhes.

1.4 - Hà análise psicológica das personagens? Explique como esse perfil é caracterizado?
R: Sim. Ele é caracterizado de forma a gerar uma profunda análise das relações humanas.
1.5 - Caracterize psicologicamente as personagens principais.
R: Paulo Honório: sempre consegue o que quer sem se importar com a vida dos outros, tem uma visão política, é inseguro.
Madalena: tem opinião forte e própria, se preocupa com os bens materiais, não se importa com as aparencias, ajuda os outros.
1.6 - Há trechos em que a personagem manifesta maior expressividade emotiva? Cite alguma passagem ou indique os capítulos.
R: Sim, como é possível ver na seguinte passagem “Aí eu peguei a xícara de café e amoleci”.
2 - Enredo (intriga, trama, história)
2.1 - Qual o principal móvel das intrigas na obra?
R: A relação entre Paulo Honório e Madalena
2.2 - Quais os pontos de maior tensão na obra?
R: A morte de Madalena
2.3 - A obra apresenta relação com o contexto histórico –social em que foi produzida?
R: Sim, pois há uma crítica importante com relação ao regime fndiário e os conflitos sociais.
3- Ambiente (cenário, paisagem, situação)
3.1 - Onde ocorrem as ações (acontecimentos, fatos)?
R: Grande arte delas na fazenda S. Bernardo.
3.2 - As personagens se deslocam para outros espaços? Quais?
R: Sim, como por exemplo Macéio.
3.3 - De que forma a mudança de ambiente afeta as personagens?
R: Essa mudança de ambiente afeta diretamente a vida do personagem, pois as pessoas encontadas durante suas viagens passam a fazer parte de sua vida: seu Ribeiro, d. Glória.
3.4 - Como ocorre a descrição espacial do ambiente? Quais recursos o autor utiliza?
R: O espaço é descrito conforme a visão de Paulo Honório, reparando apenas naquilo que lhe interessa.
3.5 - A caracterização do ambiente é indispensável para o desenrolar da história? Há relação entre o descritivismo e a escola literária a que pertence a obra?
R: O ambiente nesse caso não é tão importante no desenrolar da história. Nessa escola liuterá ria o descritivismo não está tão presente.
4 - Tema (assunto)
4.1 - Qual o tema central da obra?
R: Os conflitos sociais e psicológicos do ser humano, com enfase na questão politica.
5 - Tempo
5.1 - Em que época se situa a narrativa? Qual a sua duração?
R: A narrativa se situa na década de 1930 e tem duração de 5 anos

5.2 - A obra apresenta sequência cronológica convencional? Explique.
R: Não. No começo a história está no presente, depois volta ao passado e no final está no presente.
5.3 - Há tempo psicológico? Indique a passagem.
R: Sim, como por exemplo o capítulo 8.
5.4 - O que se pode dizer sobre o ritmo da narrativa?
R: A narrativa tem um ritmo rápido.
6 - Ponto de Vista
6.1 - Classifique o foco narrativo e o tipo de narrador.
R: Narrador-personagem, onde o foco narrativo é de Paulo Honório.
6.2 - Retire da obra um exemplo de cada tipo de discurso (direto, indireto, indireto-livre) e monólogo caso haja.
R: Discurso direto: - Foi assim que sempre fez. A literatura é literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente....
Discurso indireto: Cheio de amargura, abalada a decisão dos primeiros dias, confessou-me que tinha tentado contrair um empréstimo com o Pereira.
Discurso indireto-livre: No hotel marchei para o banheiro, fui tirar o carvão e o suor. E ia-me sentendo à mesa quando chegaram João Nogueira, Azevedo Gongim e padre Silvestre.
Discurso monólogo: Rumor do vento,dos sapos, dos grilos. A porta do escritório abre-se de manso, os passos de seu Ribeiro afastam-se. Uma coruja pia na torre da Igreja. Terá realmente piado a coruja.

São Bernardo


 

 

Trabalho de Português
Tema: “São Bernardo” de Graciliano Ramos
 


Nomes                                                    Números                                        Série

 

Laís Rodrigues da Silva                        21                                                 2° C

Leonardo Vicente                                 22                                                 2° C

Lucas Cavalcante                                  24                                                 2° C

Priscila Rebecca                                    32                                                 2° C

Georgia Ferraro                                    15                                                 2° C

 

 

 

II- Estrutura

1 – Personagens

1.1   a) Paulo Honório e Madalena

b) Luis Padilha

c) D. Gloria, Casemiro, João Nogueira, Ribeiro, Silvestre e Gondim

1.2 (não conseguimos responder)

1.3 Sim, são descritas características físicas de todos os personagens. Que nos permitem imaginar tal personagem.

1.4 Sim, o autor fez questão de dar todas as características físicas e psicológicas. Nos dizendo o comportamento, pensamentos etc...

1.5 Paulo Honório, como já pudemos perceber pela trajetória de sua vida, é o capitalista tacanho, o self-made man (homem que se faz por si mesmo), que se tornou superior à sua classe, passando de trabalhador braçal a proprietário. Para realizar esta travessia, foi necessária a sua desumanização, a coisificação de sua humanidade através da qual pôde exercer o domínio sobre os outros: matando, roubando, mentindo, trapaceando.

Madalena, a professora loura e de olhos azuis, de quase trinta anos, que se recusa a ser objeto de posse de Paulo Honório, é o avesso dele: de grande sensibilidade, preocupada com as condições de vida dos trabalhadores, incapaz de assumir a passividade da condição de esposa, sente necessidade de trabalhar e de andar pela fazenda, o que a leva a rejeitar o mundo de Paulo Honório.

1.6 Sim; Capítulo 4, 22 dentre outros...

 

2- Enredo

2.1 Paulo Honório e sua ambição

2.2 Acho que bem na metade... Quando o leitor chega ao ápice da história

2.3 Sim, pois ela é totalmente fiel ao tempo e espaço daquela época

 

3 – Ambiente

3.1 Boa parte do romance gira em torno do cotidiano de uma fazenda.

3.2 Acho que não

3.3 (resposta no tópico a cima)

3.4 O autor descreve bem cada ambiente, utilizando de recursos visuais e imaginativos

3.5 Sim, pois as ações dos personagens mudam de acordo com o ambiente. E eu acho que sim, hã sim relação

 

4 – Tema

4.1 Trata de ciúmes, obsessão, raiva, ódio, desespero e fraqueza da alma humana. Todos estes temas muito relacionados á nossa dificuldade de conviver com os outros.

 

5 – Tempo

5.1 Em 1934. Sua duração não sai desse ano.

5.2 Não, pois na metade do romance, há uma pausa na sequência cronológica dos acontecimentos, pois a narrativa retorna, momentaneamente, ao instante inicial em que Paulo Honório está sentado à mesa da sala de jantar escrevendo suas lembranças.

5.3 A narrativa São Bernardo é muito marcada por um tempo psicológico que podemos perceber nitidamente pela alteração da ordem natural dos fatos.

A partir do capitulo 3, o personagem saí do tempo presente, quando fala do projeto quase frustrado de escrever um livro com a colaboração de alguns amigos e começa a falar de sua infância e juventude, do caminho que teve que percorrer até a posse da fazenda São Bernardo, chegando ao casamento e ao suicídio de Madalena.

5.4 É um ritmo bem rápido, que faz o leitor se entusiasmar com cada capítulo.

 

6 – Ponto de Vista

6.1 O foco narrativo é em primeira pessoa e o narrador é um narrador-personagem

6.2 Observa-se que o narrador não é onipresente e sim personagem.


III – Linguagem

1.1. Sim, como quando ele liga o primeiro capítulo com o último e assim por diante.

1.2. Sim, Há arcaísmo e vulgarismo.

1.3. Sim, o reduzido vocabulário do sertanejo ajusta-se a sua situação social.

1.4. Sim, podemos ver na obra o nacionalismo crítico e a liberdade de linguagem, a fragmentação.


IV – Ideologia

 

1.1 A obra compreende uma visão pessimista do homem e da sociedade.

1.2 Sim, a coruja representa essa simbologia, sempre que ela aparece fosse a consciência, é como se ela aparecesse para lembrá-lo que está na hora de voltar a escrever.

1.3 Sim, há sinais de intolerância religiosa, que é encontrado no trecho “O domingo é perdido, o sábado também se perde, por causa da feira, a semana tem apenas cinco dias que a Igreja ainda reduz”

 

 

V – Que outras observações podem ser feitas sobre a obra?

O grupo concorda que o trabalho em si já é uma perfeita descrição do trabalho. Mas esse que lhes escreve quer dizer que achou o livro muito interessante, pois ele conta uma vida inteira. E que nele descobriu muitas coisas novas, dentre elas a de sempre ter o objetivo na vida e nunca desistir dele. Independente de qualquer coisa ou qualquer um que se ponha entre você e ele.

São Bernardo

Trabalho de Literatura


Nomes e n°s:
Bianca Silva Ferreira 03
Bruno Araújo 08
Bruna Dantas 06
Caroline Arcanjo 09
Natália Alves 27


Livro: São Bernardo Autor: Graciliano Ramos
II – Estrutura
1 - Personagens:
1.1. Nomeie as personagens mais importantes:
a) Personagens: Paulo Honório, Madalena, Luis Padilho, D. Gloria, Ribeiro, padre Silvestre.
b) Antagonistas: NÃO ENCONTRADO.
c) Demais personagens: Dr. Magalhães, Rosa, Maria das Dores, mãe Margarida, Marciano, Casimiro Lopes, Tubarão Mendonça, João Nogueira, Gondim.


1.2. Classifique as personagens da obra em questão.


1.3. As personagens são descritas fisicamente? Como isso ocorre?
Sim, momentos da historia em que descrevem os personagens.
1.4. Há análise psicológica das personagens? Explique como esse perfil é caracterizado?
Sim, era caracterizado como o próprio jeito do personagem, ou seja, como ele era na historia, exemplo o protagonista Paulo Honório era um homem que faz por si mesmo.
1.5. Caracterize psicologicamente as personagens principais.

Paulo Honório: um dos protagonistas da obra é um capitalista tacanho ou seja, o homem que faz por si mesmo.
Madalena: a outra protagonista, delicada, moça entendida, conhecedora dos assuntos e sempre interessada, tende sua própria opinião.
1.6. Há trechos em que a personagem manifesta maior expressividade emotiva? Cite alguma passagem ou indique os capítulos.
Sim, Quando Madalena se queixa de " caminhar depressa".
2. Enredo (intriga, trama, história).

2.1. Qual o principal móvel das intrigas na obra?
Na historia sempre presenciamos brigas de Paulo e Madalena, por causa de ciumes
2.2. Quais os pontos de maior tensão na obra?

Quando houve a morte de Madalena.
2.3. A obra apresenta relação com o contexto histórico–social em que foi produzida?
Sim, bem relacionada com o contexto social.

3. Ambiente (cenário, paisagem, situação)
3.1. Onde ocorrem as ações (acontecimentos, fatos)?

Na Fazenda
3.2. As personagens se deslocam para outros espaços? Quais?

Sim, como Paulo Honório.
3.3. De que forma a mudança de ambiente afeta as personagens?

No modo social, pois acabam se socializando com outras pessoas, mudando seus modos ou ate mesmo seus atos.
3.4. Como ocorre a descrição espacial do ambiente? Quais recursos o autor utiliza?
Sim, a relação do descritivismo refere-se ao parnasianismo e não a escola literária de modernismo.
3.5. A caracterização do ambiente é indispensável para desenrolá-lo da história? Há relação entre o descritivismo e a escola literária a que pertence a obra?
De acordo com a historia o ambiente esta centrado na fazenda, onde tinha uma boa impressão para boa parte dos personagens.

4. Tema (assunto)
4.1. Qual o tema central da obra?
Mais do que uma obra de denúncia social, São Bernardo é um grande romance sobre a dúvida e o ciúme, que se filia diretamente ao Dom Casmurro de Machado de Assis. Assim, deve-se ler a ruína da relação de Paulo Honório e Madalena tendo-se em mente Bentinho e Capitu. É na aproximação com a obra do mestre que se avalia melhor o gênio e os limites de Graciliano.
5. Tempo
5.1. Em que época se situa a narrativa? Qual a sua duração?
Na década de 1930 e com a duração de cinco anos;
5.2. A obra apresenta sequência cronológica convencional? Explique.
Não, primeiro esta no presente e depois no passado.
5.3. Há tempo psicológico? Indique a passagem.
Tem sim no capitulo 31 e 32 ele procura uma justificativa para o desmoronamento da sua vida e do seu fracassado casamento com Madalena, que se suicida.
5.4. O que se pode dizer sobre o ritmo da narrativa?
Está em um ritmo médio.


6. Ponto de Vista
6.1. Classifique o foco narrativo e o tipo de narrador.
O narrador Paulo Honório escreveu de si mesmo, falando em primeira pessoa. Subsídio importante a este assunto é a declaração do narrador de que teria imagina do escrevendo o livro a várias mãos chamando os amigos para colaborar. Tipo de narrador personagens.

6.2. Retire da obra um exemplo de cada tipo de discurso (direto, indireto, indireto-livre) e monólogo caso haja.
Discurso direto: " - Bons olhos o vejam. Que sorte! Sim, senhor, precisamos conversar"
Frase direta: " - É o diabo, Gondim. O mingau virou água. Três tentativas falhadas num mês! Beba conhaque Gondim.
Frase indireta: "...Não estou acostumado a pensar. Levanto - me, chego à janela que deita para a horta. Casimiro Lopes pergunta se me falta alguma coisa."
III. Linguagem
1.1. Há traços estilísticos que individualizam o autor da obra?
Logicamente sim, porque ele vai ligando um capitulo com o outro.
1.2. Há, na obra, inovações linguísticas, arcaísmos, regionalismos, gíria
ou vulgarismo?
Sim, tem na obra inovações linguísticas, arcaísmos e vulgarismo.
1.3. A fala dos personagens ajusta-se à sua categoria social e/ou à realidade representada na obra?

Sim, ficou bem real com o vocabulário do sertanejo. Combinou bem com a situação social.
1.4. Há trechos representativos do estilo de época? Explique.
Podemos ver na obra a liberdade de linguagem, o nacionalismo crítico e também a fragmentação do enredo e com essas características presentes no mecanismo ficam mais fácil de entender.
IV. Ideologia
1.1. A obra compreende uma visão: realista, fantasiosa, fantástica, pessimista ou otimista do homem e da sociedade?

Na verdade a visão que é compreendida pelo homem e a sociedade seria pessimista pois o narrador se faz sentir pelo discurso indireto, construído em frases curtas, incisivas, enxutas e quase sempre em período simples.
1.2. Há passagens, personagens ou qualquer elemento que indicie alguma simbologia?
Sim, como podemos ver que em relação a "personagem" coruja, ela é retratada como se fosse algum tipo de consciência que conduz o narrador voltar a escrever.
1.3. Há, na obra, sinais de tolerância religiosa, preconceitos de ordem moral, racial ou social?
v. Que outras observações podem ser feitas sobre a obra?
Graciliano Ramos, em seus romances, cria personagens complexas, verossímeis por suas características bastante humanas: não são boas ou más, são um pouco de tudo e apenas elas mesmas, com suas ambições, seus ideais e suas dores. O protagonista de São Bernardo, Paulo Honório, não é diferente. O texto é narrado por ele próprio, depois de muito tempo sozinho em sua fazenda. Fica claro que, através da escrita ele pretende ter uma visão geral de sua vida, tentar entendê-la, principalmente no que tange sua esposa.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Corrupção


Corrupção cultural ou organizada?
Renato Janine Ribeiro


Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcorrupções “culturais” nos leve a ignorar a grande corrupção.

Ficamos muito atentos, nos últimos anos, a um tipo de corrupção que é muito frequente em nossa sociedade: o pequeno ato, que muitos praticam, de pedir um favor, corromper um guarda ou, mesmo, violar a lei e o bem comum para obter uma vantagem pessoal. Foi e é importante prestar atenção a essa responsabilidade que temos, quase todos, pela corrupção política — por sinal, praticada por gente eleita por nós.

Esclareço que, por corrupção, não entendo sua definição legal, mas ética. Corrupção é o que existe de mais antirrepublicano, isto é, mais contrário ao bem comum e à coisa pública. Por isso, pertence à mesma família que trafegar pelo acostamento, furar a fila, passar na frente dos outros. Às vezes é proibida por lei, outras, não.

Mas, aqui, o que conta é seu lado ético, não legal. Deputados brasileiros e britânicos fizeram despesas legais, mas não éticas. É desse universo que trato. O problema é que a corrupção “cultural”, pequena, disseminada — que mencionei acima — não é a única que existe. Aliás, sua existência nos poderes públicos tem sido devassada por inúmeras iniciativas da sociedade, do Ministério Público, da Controladoria Geral da União (órgão do Executivo) e do Tribunal de Contas da União (que serve ao Legislativo).

Chamei-a de “corrupção cultural” pois expressa uma cultura forte em nosso país, que é a busca do privilégio pessoal somada a uma relação com o outro permeada pelo favor. É, sim, antirrepublicana. Dissolve ou impede a criação de laços importantes. Mas não faz sistema, não faz estrutura.

Porque há outra corrupção que, essa, sim, organiza-se sob a forma de complô para pilhar os cofres públicos — e mal deixa rastros. A corrupção “cultural” é visível para qualquer um. Suas pegadas são evidentes. Bastou colocar as contas do governo na internet para saltarem aos olhos vários gastos indevidos, os quais a mídia apontou no ano passado.

Mas nem a tapioca de R$ 8 de um ministro nem o apartamento de um reitor — gastos não republicanos — montam um complô. Não fazem parte de um sistema que vise a desviar vultosas somas dos cofres públicos. Quem desvia essas grandes somas não aparece, a não ser depois de investigações demoradas, que requerem talentos bem aprimorados — da polícia, de auditores de crimes financeiros ou mesmo de jornalistas muito especializados.

O problema é que, ao darmos tanta atenção ao que é fácil de enxergar (a corrupção “cultural”), acabamos esquecendo a enorme dimensão da corrupção estrutural, estruturada ou, como eu a chamaria, organizada.

Ora, podemos ter certeza de uma coisa: um grande corrupto não usa cartão corporativo nem gasta dinheiro da Câmara com a faxineira. Para que vai se expor com migalhas? Ele ataca somas enormes. E só pode ser pego com dificuldade.

Se lembrarmos que Al Capone acabou na cadeia por ter fraudado o Imposto de Renda, crime bem menor do que as chacinas que promoveu, é de imaginar que um megacorrupto tome cuidado com suas contas, com os detalhes que possam levá-lo à cadeia — e trate de esconder bem os caminhos que levam a seus negócios.

Penso que devemos combater os dois tipos de corrupção. A corrupção enquanto cultura nos desmoraliza como povo. Ela nos torna “blasé”. Faz-nos perder o empenho em cultivar valores éticos. Porque a república é o regime por excelência da ética na política: aquele que educa as pessoas para que prefiram o bem geral à vantagem individual. Daí a importância dos exemplos, altamente pedagógicos.

Valorizar o laço social exige o fim da corrupção cultural, e isso só se consegue pela educação. Temos de fazer que as novas gerações sintam pela corrupção a mesma ojeriza que uma formação ética nos faz sentir pelo crime em geral.

Mas falar só na corrupção cultural acaba nos indignando com o pequeno criminoso e poupando o macrocorrupto. Mesmo uma sociedade como a norte-americana, em que corromper o fiscal da prefeitura é bem mais raro, teve há pouco um governo cujo vice-presidente favoreceu, antieticamente, uma empresa de suas relações na ocupação do Iraque.

A corrupção secreta e organizada não é privilégio de país pobre, “atrasado”. Porém, se pensarmos que corrupção mata — porque desvia dinheiro de hospitais, de escolas, da segurança —, então a mais homicida é a corrupção estruturada. Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcorrupções “culturais” nos leve a ignorar a grande corrupção. É mais difícil de descobrir. Mas é ela que mata mais gente.

Folha de S. Paulo, 28/6/2009.
Renato Janine Ribeiro, 59, é professor titular de ética e filosofia política do Departamento de Filosofia da USP. É autor, entre outras obras, de República (Publifolha. Coleção Folha Explica).


 

sábado, 27 de outubro de 2012

Agressão em Escola


Menino de 9 anos é internado após agressão em escola
Agência Estado


O menino Marco Antônio, de 9 anos, foi agredido por cinco garotos da mesma faixa etária dentro da sala de aula e na saída de uma Escola Estadual, anteontem, numa cidade próxima à região de Ribeirão Preto (SP). Devido à agressão, ele foi internado e passou por exames de tomografia e ressonância magnética em Ribeirão Preto. Marco terá alta hospitalar amanhã e usará colar cervical por 15 dias.

Segundo a mãe, de 27 anos, o filho sofre com as brincadeiras de colegas porque é gago. Após a agressão na escola, ele não mencionou nada em casa. Dentro da sala de aula (3ª série), ele foi atingido por um soco, um tapa e um golpe de mochila. Na saída da escola, a inspetora o mandou sair pelos fundos, mas os agressores perceberam e o cercaram, desferindo socos e chutes em seu corpo.

Na manhã de ontem, Marco acordou com o pescoço imobilizado. A avó o levou à escola e os cinco agressores foram mandados para casa pela direção. Revoltada, a mãe quer processar a escola e ainda retirar os três filhos de lá — Marco é o mais velho dos irmãos. A delegada Maria José Quaresma, da DDM, disse que cinco garotos foram identificados e serão ouvidos nos próximos dias.

O caso, registrado na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), será investigado e passado à Curadoria da Infância e da Juventude. A Secretaria Estadual da Educação informou que foi aberta uma apuração preliminar para averiguar a denúncia de agressão entre alguns alunos da escola. “Caso seja constatado que o fato aconteceu dentro da escola, o Conselho Escolar vai definir as medidas punitivas em relação aos estudantes, como, por exemplo, a transferência de unidade”, disse a nota da Secretaria.

Agência Estado, 18/9/2009. (Para uso neste Caderno, os nomes, assim como outras informações que possam identificar os envolvidos, foram substituídos ou suprimidos).

 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Mostra cultural

Visitem o www.artesvisuaiscaetanodecampos.wordpress.com  e vejam a mostra cultural 2012 da Caetano de Campos- Aclimação.

domingo, 30 de setembro de 2012

QUAL ´E A ORIGEM DO SER HUMANO?

O Homem veio do macaco?






Esta foto foi tirada em uma exposição em Salamanca por Cristina Chehab, em 2006.

sábado, 15 de setembro de 2012

Camões



O corpo de Camões Jaz na Capela Vicentina, em Lisboa, mas a sua alma está em todas as mentes daqueles que o  leram.

Crônica

O amor acaba
Paulo Mendes Campos
O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania¹ da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
1. No sentido literário, epifania é um momento privilegiado de revelação quando ocorre um evento que “ilumina” a vida da personagem.
O amor acaba - Crônicas líricas e existenciais. 2ª- ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.