A VELA, O LAMPIÃO E O TRANSFORMADOR
A vela velava o sono de cada um,
Também clareava o tricotar da minha nonna Emilia.
O caminho para a cama,
Fazia-se claro.
Era a esperança nos dias de raios e trovões.
Com uma vela acesa,
a reza era forte.
Roubar bolinhos, crostolli a luz de vela era aconselhável.
Comê-los a luz de vela, até mesmo no escuro
era divino.
Com a vela se descobria alguém
A sombra era o mistério,
O desvelo uma surpresa.
O lampião clareava mais que a vela,
A assombração era menos intensa.
O empurrão era visto,
O beliscar já era descoberto,
O puxão de orelha já era certeiro.
O lampião dava a certeza nas buscas.
O transformador chegou!
Não se precisava mais de lampião e vela,
Só em dias de temporais !
A lâmpada clareou tão bem.
Não havia mais medo de assombração!
Só existiam
a perturbação dos sons
A geladeira roncava,
o micro-ondas rodava,
A máquina de lavar batia,
o ferro produzia vapor,
O rádio tocava,
a televisão falava,
o computador comunicava.
O transformador particular
Foi trocado e largado no chão.
Minha irmã sentiu dó.
Levou-o para casa.
Lá ficou na sala!
Transformou-se em uma estante!
Ela tem os conectores,
Só falta alimentá-la.
Talvez com vinhos,
Livros já não se encontram
Nas estantes.
Agora a internet no celular,
Traz as leituras via satélite!
Vera Lúcia Grando
Janeiro de 2020.
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