quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Fórum da Mackenzie


IMPACTOS NA FORMAÇÃO DE ALUNOS NA ESCOLA

A escola seria um lugar magnífico se tivéssemos somente alunos interessados, compenetrados, pesquisadores natos, calmos, admiradores do conhecimento, alunos comprometidos com a cidadania, com o futuro da humanidade, o que seria o ideal de perfeição para a sociedade. Todavia, vivemos em um universo em que os valores das últimas décadas formam um bolo de comportamentos rolando como bola de neve em ritmo desenfreado e sem rumo, em forma de espectros. Não sabemos o final da linha de chegada, sabemos que devemos caminhar, ensinar, acreditar .

Nesse intuito de ensinar, podemos gerar conflitos entre  alunos e professores, uma vez que o valor agregado à ética, muda no espaço e no tempo, bem como os valores de amizade, namoro, casamento, família e religião. A realidade do aluno pode  ser diversificada da realidade do professor a ponto de não se encontrar um ponto em comum para formar um amálgama, um liame para se dar o início da aprendizagem, ou de uma relação propícia para a formação. Os conceitos sociais, na atualidade, no bolo de comportamentos, muitas vezes ofuscam os valores das instituições de ensino, pois estas passam, cultivam seus valores e tentam perpetuá-los sempre. Entretanto, as tecnologias, o modo de viver fora de tais instituições projetam suas forças de modo a trazer o caos para elas: descrédito nas instituições de forma generalizada,alguns alunos chegam à escola alcoolizados,  drogados, agressivos, alguns são traficantes, desinteressados.... Essa força é tão forte que geralmente interfere na aprendizagem dos alunos interessados, chegando a desestimulá-los ou  desistir de ser um aluno comprometido com a aprendizagem.

Em vista desse panorama, podemos dizer que o impacto se torna, às vezes, a opção, a técnica para o despertar de um aluno para um determinado assunto, pois as transformações  dos seres humanos são causadas por tomadas de consciência, as quais nem sempre vem de uma aprendizagem calma, tranquila, pela admiração ou gosto, mas sim de impactos, sustos, espantos, incômodos.

Durante o ano de 2013, o grupo do PIBID do Mackenzie da área de Letras contribuiu para esse despertar na Escola Estadual Caetano de Campos, e eu como supervisora, pude observar alguns efeitos, principalmente em relação ao grupo que trabalhou em classe comigo a produção textual .Foi proposto aos alunos de sétimos anos, sextas  séries,  a confecção de uma notícia escrita a respeito da morte de Olívia, personagem do livro “Olhai os lírios do Campo”, de Érico Veríssimo. Nem todos os alunos fizeram-na, mas aqueles que aceitaram a proposta leram-na a seguir para a classe. Vale lembrar que o desfecho de morte de Olívia teve um final e contexto diferente nos trabalhos apresentados, pois até naquele momento, sabia-se que ela havia morrido, mas não era de conhecimento dos leitores a causa da morte, somente que ela não sobreviveu  à uma cirurgia.

           

A escola passou por duas fases de avaliação  governamental e aproveitamos para verificar a capacidade leitora dos alunos.

           

      Em relação ao item notícia trabalhado por e pelo grupo do PIBID,observamos que os alunos dos sétimos anos aprenderam a identificar o gênero notícia, sabem encontrar o título, o lide, o tema, os fatos e,  o local de acontecimentos com grande êxito. Eles têm a habilidade e capacidade leitora do gênero notícia, todavia no momento da réplica, foram poucos aqueles que  conseguiram empregar as características, os elementos organizacionais da notícia. A maioria dos alunos  utilizaram o tema corretamente, entretanto alguns se esqueceram do título, apenas um fez o lide, poucos deles começaram com o verbo no presente e deixaram os fatos na atualidade, porque conhecem mais a estrutura do conto que da notícia.

      Além disso, na relação com o texto escrito, assumiram o papel da reescrita do texto “A velha contrabandista”, de Sergio Porto , Stanislaw Ponte Preta. Alguns elaboraram resumos, outros reescreveram a mesma história, introduzindo diálogos, outros deixaram o texto longo, ou mudaram o desfecho, o que seria uma estilização do autor. Neste caso, o  aluno procurou estilizar o autor, elaborar o seu texto, mas não atingiu a capacidade leitora do fazer notícia. Foram poucos os alunos que  mostraram uma ampla noção da norma culta, uma vez que copiaram palavras do texto original e reproduziram de maneira ortográfica diferente , por exemplo, a palavra velha foi escrita vela , velinha, velia. Nota-se que eles não se apropriaram do som /lh/ som que apareceu em línguas neolatinas com o processo de evolução das línguas,mas inexistente nas falas caipiras, preservadas da língua, antes de sua modernização . Ainda há muitas discordâncias gramaticais verbais e nominais. A coesão e a coerência foram prejudicadas no que tange à clareza dos textos e liames, ligações das palavras e pensamentos na produção textual. Os parágrafos não foram bem distribuídos, nem bem coesos.

      Em suma, os alunos, produtores de seus textos, manifestaram no nível discursivo a práxis individual e social. À medida que se escolarizam  se apropriam de um discurso mais próximo  do nível padrão. Suas falas e escritas transitam nos diversos níveis de aprendizado escolar.

 

 

 

 

 

 

 

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